A hanseníase é doença crônica transmissível que, a depender do estágio de sua progressão, pode provocar graves lesões neurais aos infectados, acarretando, inclusive, incapacitações físicas significativas. Estima-se que em 13% dos casos o diagnóstico tardiamente realizado identifica o grau 2 de evolução da enfermidade, caracterizado por mãos e pés em garra, perda óssea, pé caído, dificuldade para fechar os olhos e córnea opaca2.
Embora por 13 anos consecutivos o Brasil tenha experimentado uma lenta e gradual redução de incidência do chamado mal de Hansen, nos últimos três ciclos anuais os números voltaram a subir (dados divulgados pelo Ministério da Saúde).
Em 2018, 28.657 pessoas receberam diagnóstico confirmatório, implicando um crescimento de 14% se comparado a 2016, ano em que se registrou 25.214 ocorrências (vide gráfico abaixo). Maurício Lisboa Nobre, dermatologista e hansenólogo assessor do Programa Nacional de Controle da Hanseníase, disse à Folha de São Paulo que “o aumento mostra que ações pontuais do governo brasileiro para detectar novos casos em áreas com maior manifestação da doença foram efetivas, mas que o sistema falha em manter uma rotina de prevenção”

No Paraná, há municípios que apresentam índices relevantes de hanseníase, o que ensejou a atuação conjunta entre a Secretaria de Estado da Saúde (SESA/PR) e o Ministério Público, por meio dos Agentes Ministeriais dos 22 municípios com desempenho mais crítico na "Campanha a Hora H Para Avaliar Contatos3" (
clique para acessar o informativo da SESA/PR e a relação dos municípios com os piores indicadores de avaliação de contatos
).
O objetivo é estimular que os gestores locais de saúde promovam, segundo protocolos do Ministério da Saúde, busca ativa, avaliação, acompanhamento e, quando necessário, o devido cuidado à saúde de indivíduos que mantêm ou mantiveram contato com infectados.
O trabalho é preventivo e visa, além de barrar a cadeia de transmissão da moléstia, tratar os doentes antes do agravamento dos seus quadros de saúde, conferindo mais resolutividade e, também, economia aos cofres públicos, já que se combate a evolução de eventuais complicações.
____________________________
Há três graus de progressão da doença: Grau 0 – não há sequelas; Grau 1 – perda de sensibilidade nos olhos, mãos e pés; Grau 2 – já descrito; Grau 3 – mão caída, articulações imobilizadas, contrações musculares involuntárias, perda de visão e redução da massa óssea.
2 A córnea opaca se não tratada pode causar cegueira.
3 Contato é toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos anos anteriores ao diagnóstico da doença (Fonte: Informativo SESA/PR).
__________________
Fonte: FSP, 13/07/2019, Caderno Saúde.