A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo apresenta a 6a. edição da Demografia Médica 2023, extensa análise que revela dados quantitativos e qualitativos sobre os médicos em todo o Brasil. 17/03/2023 - 09:50

 

O estudo Demografia Médica no Brasil, produzido desde 2011 pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) se apresenta como extensa análise que revela dados quantitativos e qualitativos sobre os médicos em todo o Brasil.

Conhecer a distribuição de médicos no Brasil é um importante instrumento de planejamento para os sistemas de saúde, criação de cursos de Medicina, abertura de vagas de Residência Médica e oferecimento de cursos de Especialização.

Segundo Mário Scheffer, coordenador do estudo, afirma que “Demografia médica é uma ferramenta útil, complementar aos quadros conceituais de força de trabalho em saúde (FTS), que propõem selecionar e analisar informações agrupadas em diferentes dimensões, como formação, qualificação, habilidades, desempenho, oferta de profissionais, trabalho, emprego e prestação de serviços à população. Junta-se, também, aos esforços de organismos internacionais para promover a qualidade dos dados e das bases de evidências nacionais sobre médicos e recursos humanos em saúde” (p. 16).

O estudo é dividido em três grandes partes: estudos demográficos da população médica; estudos sobre formação e profissão médica; e inquéritos sobre Residência Médica e trabalho médico.

Atualmente com 565 mil médicos inscritos no Conselho Federal de Medicina (CFM), o levantamento projeta que até 2035 o país contará com mais de 1 milhão de médicos. O estudo também revelou que nos últimos 10 anos houve um aumento de 84% de médicos com titulação em alguma especialidade (das 55 reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina). A partir de 2024 as mulheres devem ser maioria na profissão.

Os Estados com maior densidade de médicos por 1.000 habitantes são o Distrito Federal (5,53), Rio de Janeiro (3,77), São Paulo (3,50) e Santa Catarina (3,05). As menores densidades são encontradas no Pará (1,18 médico por 1.000 habitantes), Maranhão (1,22) e Amazonas (1,36). Os dados também revelam grande concentração de médicos nas capitais.

Também foi identificada importante defasagem entre egressos do curso de Medicina e vagas de Residência Médica o que gera um sinal de alerta uma vez que as vagas em Graduação estão aumentando e, em curto prazo, há possibilidade de existir um grande número de médico sem formação especializada.

As especialidades com maior número de registros são Clínica Médica, com 56.979 médicos, Pediatria com 48.654, Cirurgia Geral com 41.547, Ginecologia e Obstetrícia com 37.327, Anestesiologia com 29.358, Ortopedia e Traumatologia com 20.972, Medicina do Trabalho com 20.804 e Cardiologia com 20.324, que somadas representam 55,6% do total de registro de especialistas. Observa o estudo que 13 das 55 especialidades concentram 70% dos registros de especialistas; que em 36 especialidades os homens são maioria; na região Sul 68% dos médicos possuem alguma especialidade; no Centro-Oeste 63,4%, no Sudeste são 63,3%, no Norte 57,2% e no Nordeste 52,3%.

Em relação à Força de Trabalho Cirúrgica (cirurgiões, anestesiologistas e obstetras), o estudo aponta que, no Brasil, há uma densidade de 66 especialistas por 100.000 habitantes, mais do que o triplo do recomendado pela Lancet Commission On Global Surgery, que é de 20 por 100 mil. As disparidades territoriais, no entanto, são bem evidenciadas. Por exemplo, enquanto São Paulo tem 85,4 por 100 mil habitantes; Maranhão tem 26,7.

O estudo também revelou que em média são realizadas 600 milhões de consultas por ano no país, ou 3,13 consultas por habitante/ano, número que seria menor do que a média dos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 6,8 consultas por habitante/ano. No entanto, há disparidades territoriais e nos sistemas de saúde: no público a média de consultas seria de 2,3 consultas por habitante/ano, enquanto na saúde suplementar 3,3 consultas por habitante/ano.

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Acesse na íntegra: https://www.fm.usp.br/fmusp/conteudo/DemografiaMedica2023.pdf

Assista à cerimonia de lançamento no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=Bk4OR1fUrdc