Prevenção
A prevenção deve ser o principal eixo de atuação do Projeto Estratégico Semear, bem como de todos os comprometidos com a política sobre drogas nos entes municipais, estaduais e federal, em seus três poderes.
Programas efetivos de prevenção não passam apenas pelo esclarecimento ao indivíduo sobre quais são as drogas e seus efeitos no organismo, mas devem trazer novos projetos de vida alinhados com a ampliação do acesso a políticas públicas de saúde, educação, trabalho, esporte, lazer, cultura, etc; disseminar práticas de orientação e fortalecimento de vínculos familiares; valorizar competências pessoais, familiares e sociais; bem como criar redes de atenção e proteção a esses indivíduos e suas famílias, com pertencimento e enraizamento em vínculos comunitários sadios.
O Semear tem estudado estratégias de prevenção que possam instrumentalizar o promotor de Justiça para atuar de modo diferenciado, não apenas nas suas atribuições constitucionais e legais quando em contato direto com o usuário de drogas nos atendimentos ao público e em audiências, mas também enquanto ator social, agente político e líder comunitário na articulação e fomento de políticas públicas sobre drogas. São elas:
• Campanhas de Conscientização
• Ações de Prevenção - Mês Junho Paraná sem Drogas
• Conselhos Municipais de Políticas Públicas sobre Drogas
• Conferências Municipais - Reuniões Públicas
A prevenção implica na adoção de estratégias eficazes que visem prevenir fatores de risco para os usuários de drogas e promover fatores de proteção.
Material de apoio:
Fatores de Risco
São exemplos de fatores de risco, segundo a classificação proposta pela pesquisadora e especialista em Dependência Química da UNIFESP Maria de Fátima Rato Padin:
1) Fatores de risco pessoais: histórico familiar de drogas ou doença mental, carência de vínculo materno, baixo monitoramento familiar, graves conflitos familiares (abuso sexual, tortura, entre outros), predisposição genética, rejeição familiar ou de colegas de escola, entre outros;
2) Fatores de risco sociais: comportamento agressivo e antissocial, baixo rendimento acadêmico e baixo vínculo escolar, atitudes positivas em relação ao uso de drogas, alienação ou rebeldia, pares usuários (familiares e turma com a qual se identifica), uso precoce, entre outros;
3) fatores de risco ambientais: privação econômica e social, disponibilidade e fácil acesso às drogas, baixo vínculo com a vizinhança, comunidade desestruturada, difíceis transições, normas comunitárias favoráveis ao consumo, entre outros.
Fatores de Proteção
Os fatores de proteção, por sua vez, são justamente aqueles que afastam os fatores de risco, quais sejam: fortalecimento de vínculos afetivos e sociais; estabilidade psicológica do núcleo familiar; estabilidade emocional e bom temperamento; modelos sociais que sirvam de bons exemplos de vida; estímulo à cooperação social e ao trabalho comunitário humanizador; construção de redes sociais de apoio e mútua ajuda; desenvolvimento da espiritualidade, entre outros.
De acordo com a Professora Roseli Boerngen de Lacerda, vários autores têm sugerido implantar ações preventivas direcionadas aos fatores de risco e de proteção ao uso de drogas e que se fundamentem no (i) conhecimento científico, (ii) na educação afetiva, (iii) na oferta de alternativas, (iv) na educação para a saúde e (v) na modificação das condições de ensino.
Para o primeiro tipo de ação, explica a autora, o indivíduo pode tomar decisões conscientes e bem fundamentadas no conhecimento científico sobre as drogas. Esse conhecimento pode ser alcançado de diversas formas como em oficinas e debates com profissionais da área, ou através da leitura de textos indicados, discutindo filmes sobre o tema e até em atividades lúdicas e teatrais.
A outra ação, segundo ela, considera que jovens mais bem estruturados afetivamente são menos vulneráveis a abusar de drogas. Neste sentido, se desde a infância investirmos no aprimoramento da autoestima e de como interagir em grupo; na sua capacidade de não se envolver em uso abusivo de qualquer substância assim como saber resistir à pressão de grupos que usam drogas; na sua habilidade para tomar decisões conscientes e para lidar com ansiedade e frustrações, certamente o jovem estará menos vulnerável a usar álcool e outras drogas.
Outra ação preventiva proposta, para a especialista, baseia-se na oferta de desafios e realizações que não envolvam o consumo de drogas. Como sugestão poder-se-ia criar atividades empresariais lúdicas ou verdadeiras; incluir os adolescentes na orientação escolar para alunos mais jovens; praticar modalidades esportivas desafiadoras assim como atividades artísticas variadas e incentivar a prática religiosa.
Para a Doutora Roseli, fornecer educação para a saúde em relação aos riscos que cercam os jovens assim como capacitá-los para escolher uma vida mais saudável pode ser uma boa alternativa de formar um cidadão consciente e responsável com boas chances de diminuir a vulnerabilidade para o consumo de drogas. Essa educação deve ocorrer desde a infância e pode ser atingida através de discussões de temas gerais sociais (como por exemplo, uso racional da água, controle da poluição, normas do trânsito, cuidados com o corpo para a higiene e saúde, prática de sexo seguro) com a inclusão de temas sobre uso de drogas e suas consequências ou através da criação de temas específicos que poderão ser trabalhados em disciplinas ou em eventos científicos, culturais e artísticos.
Por fim, uma ação preventiva mais complexa envolveria a formação integral do jovem cidadão com a participação dos pais, da escola e da comunidade. Para tal propósito são sugeridas ações para modificar as práticas de ensino vigentes; para melhorar a relação professor-aluno; para melhorar o ambiente escolar tanto físico como afetivo; incentivar o desenvolvimento social; ofertar serviços de saúde; envolver os pais em atividades curriculares e extracurriculares.