Samuel César de Oliveira, um gigante no Juri

2005 | Por Rui Cavallin Pinto

Para o Desembargador Guilherme Maranhão, ex-Procurador-Geral e, por muitos anos, Promotor do Tribunal do Juri da Capital, a tribuna do Juri constitui o verdadeiro reino do Promotor e o frontal do Ministério Público. O Parquet paranaense se orgulha de ter sempre podido contar, à frente do Tribunal do Juri da Capital, com Promotores do mais alto talento e combatividade, a serviço da justiça e da sociedade. Entre muitos deles, merece figurar na nossa vetusta galeria Samuel César de Oliveira, que durante muitos anos constituiu uma voz poderosa e temida à frente da Tribuna do Juri da Capital. E, mesmo hoje em dia, passado tanto tempo, é lembrado como uma das expressões mais cultas e pujantes da oratória forense do Ministério Público estadual.

Embora nascido em Belo Horizonte, em 1896, era ainda muito pequeno quando veio para Curitiba, onde cursou o Ginásio Paranaense e se formou em Direito em 1917, revelando-se aluno brilhante e dotado de pendor natural para a arte da oratória. Foi, porém, senhor de muitos talentos, desde admirável pianista, jornalista atuante, escritor e autor teatral. Escreveu “Delitos de Imprensa”,  e as peças “A Vida Vence”, “O Grande Amor e César”, a primeira delas encenada em Curitiba, em 1920. Tinha, porém, saúde frágil e grave defeito físico que lhe deformara uma das pernas e o obrigava a se locomover com dificuldade, com o uso de uma bengala. Perdera também uma das vistas e usava monóculo. Compunha uma presença física que despertava atenção e dele compôs Wilson Bóia, da Academia Paranaense de Letras, o seguinte retrato:

Parlante, voz alta e sorridente, pasta em uma das mãos, vítima de certa moléstia, que lhe fora deformando uma das pernas e sem visão em um dos olhos, vivia aos pulos, no andar, com sua resistente bengala, castão de ouro, suas luvas e seu indefectível monóculo, preso a um cordel de seda”.

Foi Membro de Centro de Letras do Paraná e fundador da Academia Paranaense de Letras, cuja cadeira nº 33 é hoje ocupada pelo historiador Edilberto Trevisan1. Foi o primeiro membro do Ministério Público a integrar nossa Academia dos Imortais, seguido de Laertes Munhoz, Hugo Simas, Noel Nascimento e Rui Cavallin Pinto. Casado com Fredolina Cercal, faleceu em Antonina, em 3 de julho de 1932, com apenas trinta e sete anos de idade.2


Notas do Memorial

1. Edilberto Trevisan ocupou a cadeira nº 33 até 2010, sendo sucedido por Roberto Muggiati.

2. Samuel César de Oliveira também foi Auditor de Guerra na Justiça Militar em 1930, conforme registro do Almanak Laemmert.