REConto – história oral do MPPR
O Memorial é a unidade do Gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça que tem como objetivo resgatar, organizar, conservar e divulgar a memória do Ministério Público do Paraná, presente tanto em documentos históricos, objetos e lugares quanto na lembrança de seus integrantes e de pessoas que se relacionam com a instituição. Grande parte do trabalho do Memorial é justamente garimpar a memória dessa comunidade, o que tem sido feito por meio da metodologia de história oral, com entrevistas filmadas.
De forma pioneira no âmbito do Ministério Público brasileiro, os registros de história oral no MPPR foram iniciados em 1991, quando foram gravadas as primeiras entrevistas com personalidades da instituição, a partir do recebimento em doação de uma câmera filmadora apreendida pela Receita Federal. Idealizado pelos procuradores de Justiça Osman de Santa Cruz Arruda e Edson Luiz Vidal Pinto, o programa foi denominado "Caminhos de nossa história".
A entrevista mais antiga a compor o acervo do Memorial data de 17 de outubro de 1991, quando o ex-procurador-geral de Justiça Jerônimo de Albuquerque Maranhão, na condição de entrevistado, reconheceu a importância da iniciativa: “Instituição, sem história, inexiste. Ela se volatiliza, desaparece.” Logo após, em 11 de novembro de 1991, foi a vez de o procurador de Justiça aposentado Eduardo Corrêa Braga registrar suas memórias em áudio e vídeo, ocasião em que demonstrou seu entusiasmo pelo aprendizado: “Cada dia da vida deve ser, para nós, a busca do melhor aperfeiçoamento”.
Em virtude da cooperação para intercâmbio acadêmico, científico e cultural entre o MPPR e a Fundação Escola do Ministério Público do Paraná (Fempar), em agosto de 2016 o Memorial passou a ter acesso a um moderno estúdio de filmagem, o que permitiu um salto de qualidade nas gravações das entrevistas. Além disso, a partir de 2017 o programa de história oral do MPPR foi reformulado e ampliado para além da história dos membros, passando a incluir também a história de vida dos servidores da instituição. O programa foi, então, intitulado REConto, em alusão à abreviatura da palavra inglesa “recording”, que indica gravação, associada à palavra “conto”, que remete à ideia de contar uma história. A primeira entrevista nesse novo formato foi gravada em 28 de setembro de 2017 com o procurador de Justiça aposentado Cid Raymundo Loyola Junior.
O programa REConto possibilita ao entrevistado registrar a sua história de vida, narrando os fatos sob o seu ponto de vista, a partir de como sentiu os acontecimentos e como os interpreta. Da mesma forma que não existe nenhum tipo de censura em relação ao conteúdo das entrevistas, não há preocupação em buscar apoio em documentos formais, porque “em história oral, mais do que a verdade comprovada e aferível, o que se busca é a variação das narrativas em suas evidências, inexatidões e deslocamentos. Se isso é válido em termos individuais, no coletivo ganha dimensões ainda mais relevantes”1. E aí está a grande riqueza da história oral: ela permite contato direto com o “dono” da história, tornando mais humano o registro de passagens e experiências que marcaram a vida da pessoa e, em maior ou menor medida, a da instituição.
O MPPR é resultado da soma e interação de milhares de histórias de vida entrelaçadas, interconectadas: membros, servidores efetivos e comissionados, servidores cedidos de outros órgãos públicos, estagiários, funcionários terceirizados e voluntários contribuíram na construção da instituição que conhecemos hoje. Além deles, diversos atores externos também tiveram sua participação nesse processo.
Acesse o canal de vídeos do Memorial e conheça mais sobre a história do Ministério Público do Paraná e de seus integrantes.
(1) MEYHI, José Carlos Sebe Bom. História oral: como fazer, como pensar. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2015.