Murilo Rodrigues Cordeiro, um modelo da instituição
Sem data | Por Rui Cavallin Pinto
Murilo Cordeiro é nascido em Castro, mas sempre revelou na fisionomia e no espírito os traços da chamada mineiridade, que a tradição identifica com a presença dos filhos de Minas Gerais na vida pública brasileira.
O retrato é composto por certo ar de bonomia e polimento de maneiras. A voz nunca ascende e a fala é pausada e refletida. Pois foi com esse perfil que Murilo cumpriu uma bela carreira no Ministério Público do Paraná, marcada por autêntica vocação de servir a Instituição e pelo desapego na conquista de cargos ou posições.
Fez carreira completa percorrendo todos os degraus da Instituição e chegou até a Procurador-Geral, uma exceção num tempo em que a chefia da Instituição era marcadamente um cargo político. Foi um período de transição do governo estadual, em que a escolha do seu nome não se louvou somente no prestígio que então desfrutava na classe, mas até pela impressão que deixou ainda no começo da carreira, como promotor interino.
Na condição de substituto oferecera denúncia contra um político influente e feita queixa ao governo, este mandou demiti-lo. Embora mantido, em seu lugar designaram outro que acomodou a situação e assegurou a impunidade do acusado.
O episódio, porém, foi notado pelo Procurador-Geral que, na ocasião, louvou pessoalmente sua conduta e, na outra quadra do tempo, servindo como auxiliar privilegiado do governo, tomou a iniciativa de recomendá-lo à confiança do novo governador. Sua escolha não foi feita, no entanto, sem ponderação nem exigências claras de sua independência na condução da Instituição, postas à mesa do novo chefe executivo.
A movimentação da classe se faria desde então sob sua orientação e com inteiro respeito à antiguidade na carreira e cumprimento do interstício no cargo.
Embora Murilo fosse mantido na chefia da corporação por pouco mais de sete meses, ele se orgulha de que, durante todo esse tempo, nenhuma movimentação dos seus quadros se fez sem sua indicação prévia.
Assim foi sempre Murilo Cordeiro. Prestou todo gênero de colaboração à administração superior do Ministério Público, como assessor de gabinete, seja na comissão de atualização do regimento interno da Procuradoria-Geral, no projeto da Lei Orgânica do MP estadual e Tribunal de Contas, com participação em concursos de ingresso na carreira e outros encargos, mas sempre mostrou resistência em concorrer a qualquer cargo administrativo.
Recusou convite insistente para presidir a Associação do MP, deixou de integrar o Conselho Superior ou de concorrer ao cargo de Corregedor-Geral. Recusou o convite alegando que não gostava de viajar ou invocava outro descarte. Dizia, porém, que o Ministério Público era tudo quanto queria ser.
Uma vocação que resistiu ao assédio de uma família de tradição militar e que cultivava desde menino, pendurado nas janelas do fórum de Ponta Grossa. Era aquele homem de faixa vermelha que ele queria ser. E foi!... Foi dos melhores, deixando inumeráveis amigos e um exemplo marcante de independência pessoal e dignidade funcional.
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