Minha vida (com Luiz Viel e Ronaldo Antonio Botelho)

04/07/2023 | Por Izabela Kodaka

O Dr. Luiz Viel e o Dr. Ronaldo Antonio Botelho formavam uma dupla inseparável e contrastante. Luiz Viel, que tinha uma deficiência física em decorrência de paralisia infantil e era pequenino (quase como um anão), porém de uma inteligência invejável, era casado com a dona Marília Viel, linda e muito sociável, com quem tinha filhos pequenos. Botelho, moreno claro, super avantajado, tanto na altura como na massa corporal, casado com a Salete Mafra Botelho, muito querida, amável e sociável, com filhos menores. Onde avistava um, também estava o outro, tanto no trabalho como em qualquer lugar.

Luiz Viel possuía voz meio fanha e assim que ele teve a chance de se candidatar ao cargo de desembargador, acabou deixando o Ministério Público, o que eu senti muito. Botelho, aquele vozeirão... e falava tão alto que, de longe, sem avistar, a gente sabia que ele estava chegando. Além disso, na época em que o cantores sertanejos Sérgio Reis e Almir Sater tornaram famosa a canção “Panela velha”, ele vivia cantarolando essa música, mesmo na hora em que corrigia os pareceres datilografados, que acabava formando um conjunto musical na Divisão.

O Dr. Botelho e sua esposa moravam no bairro Jardim Los Angeles e todo domingo gostavam de ir à feira da Praça 29 de Março, onde eu costumava a abastecer minha casa. Nós mantivemos a nossa amizade, cansava de chamá-lo de “Botelhaço”, porque quando ele não gostava de certas pessoas, virava bicho! Um dia em que estava virado com o então procurador-geral de Justiça Josaphat Porto Lona Cleto, aconteceu o incidente de ele adentrar no Gabinete, provocando briga. A Mari Kotaka escutou o pedido de socorro do procurador-geral e, ao abrir a porta, avistou a cena: Josaphat caído no chão, com cabeça dentro da floreira e Botelho pisoteando a cabeça do homem. Todos os membros e servidores nos juntamos no gabinete para acudir o procurador-geral.

Logo após esse incidente, o Botelho aposentou-se para exercer a advocacia.