Reflexão - Dia Internacional das Mulheres: os impactos das mudanças climáticas sobre a vida delas 08/03/2023 - 12:29

Segundo a ONU, mulheres e meninas correspondem a 80% da população deslocada por desastres e mudanças climáticas em todo o mundo.

Em 2021, durante a COP-26, o presidente da Conferência Alok Sharma, divulgou um dado alarmante: 80% da população deslocada por desastres e mudanças climáticas em todo o mundo é formada por mulheres e meninas, indicando como a emergência climática possui inconfundível viés de gênero.

Em relatório publicado pela ONU Mulheres, foi verificado que:

“– As mulheres dedicam praticamente o dobro de tempo (em média 21,4 horas de trabalho por semana) em relação aos homens (que dedicam 11 horas semanais) para a realização de tarefas domésticas e/ou de cuidado.

– As mulheres recebem em média um salário que é 21,3% inferior ao salário dos homens. As mulheres negras recebem um salário 55,6% inferior ao dos homens brancos; o que sublinha a interseccionalidade, ou seja, que existem desigualdades de gênero profundas e estruturais no Brasil, que estão relacionadas de forma intrincada com outras desigualdades, tais como as raciais e de classe.

– Mulheres negras, indígenas, quilombolas, periféricas, pobres e corpos feminizados que saem da norma são grupos especialmente expostos aos impactos da inação climática, o que sublinha o racismo ambiental.

– O aumento da frequência e da intensidade de eventos climáticos extremos (secas prolongadas, inundações, tempestades, deslizamentos de terra, picos de calor e de frio etc.), nesse contexto de profundas desigualdades estruturais, torna as mulheres mais expostas a adversidades que os homens.

– Mulheres em condições de maior vulnerabilidades socioeconômicas tendem a contar com menos ferramentas e rendas para enfrentar os impactos da mudança climática (por exemplo, para mudar para uma residência em área menos suscetível a deslizamentos de terras ou a inundações), dadas as brechas de salário, empregos, acesso a bens e serviços públicos, representação e direitos.

– As mulheres também tendem a ter uma maior pobreza de tempo com a mudança climática, já que são elas que tendem a cuidar dos doentes, feridos, amputados e enlutados devido aos eventos extremos.”

O que demonstra como as políticas públicas de proteção ao meio ambiente, de infraestrutura (como saneamento básico e urbanização) e de promoção de sustentabilidade devem, necessariamente, considerar o componente de gênero e as formas pelas quais as divisões dos papéis sociais de gênero impactam na desigual distribuição de ônus e responsabilidades com relação ao meio ambiente.

 

Para acessar o relatório da ONU MULHERES, clique aqui: https://www.onumulheres.org.br/noticias/relatorio-aponta-urgencia-para-enfrentar-as-mudancas-climaticas-e-as-desigualdades-de-genero/