Aparte Eletrônico 04
Aparte Eletrônico nº 04
Caro (a) colega:
Continuando a tratar o tema da embriaguez, segue abaixo, informativo do nosso IML sobre embriaguez.
Um fraterno abraço,
Centro de Apoio das Promotorias do Júri
Edilberto de Campos Trovão - Procurador de Justiça Coordenador
Paulo Sergio Markowicz de Lima - Promotor de Justiça
INSTITUTO MÉDICO LEGAL DO PARANÁ
INFORMATIVO Nº 01/2001
ÁLCOOL ETÍLICO
O homem, provavelmente, experimenta uma exposição muito maior ao álcool etílico do que a qualquer outro solvente, com exceção da água. O álcool etílico é o solvente mais importante utilizado na indústria e também o componente principal de bebidas alcoólicas (4).
O álcool etílico é rapidamente absorvido no estômago e no intestino, existindo, porém, muitos fatores que modificam a absorção desta substância no estômago, tais como:
• presença ou não de alimentos,
• quantidade de álcool etílico ingerida,
• fatores individuais,
• tempo gasto para ingestão.
A absorção do álcool etílico pelo intestino delgado é extremamente rápida e completa e independente, em grande parte, da existência de alimentos no estômago e/ou intestinos (3, 5).
Após a absorção, o álcool etílico é distribuído de forma razoavelmente uniforme por todos os tecidos e líquidos do corpo (4).
Entre 90 e 98% do álcool etílico que é absorvido é completamente oxidado.
A quantidade de álcool etílico oxidada por unidade de tempo é aproximadamente proporcional ao peso corpóreo. No indivíduo adulto, a velocidade média em que o álcool etílico é metabolizado é de 0,1 a 0,12g/kg/hora, mas no entanto varia para indivíduo (3, 4).
Normalmente, cerca de 2 a 10% do álcool etílico ingerido não sofre oxidação, sendo então, excretado através dos rins e pulmões, principalmente. A concentração de álcool etílico na urina é superior à sanguínea; a concentração no ar alveolar é de cerca de 0,05% da concentração sanguínea(4) e de 10 a 15% mais alta no soro e no plasma do que no sangue total. A concentração de álcool etílico no sangue é cerca de 15 a 20% maior do que em outros tecidos.
Como visto acima, existem muitos fatores (peso corporal, presença ou não de alimentos no estômago, velocidade de absorção no trato gastrointestinal) que determinam a concentração sanguínea do álcool etílico produzido pela ingestão de um determinado volume de álcool etílico puro. Um indivíduo de 70kg requer, em média, 71,5g de álcool etílico puro para alcançar uma alcoolemia de 9,0 a 15,0dg/L, com o estômago vazio, sendo que esta alcoolemia após uma refeição mista de 5,0 a 8,5dg/L (1). Para alcançar a mesma alcoolemia através de bebidas alcoólicas é necessária a ingestão de 180ml de whisky (43ºGL), 360ml de Cognac, Brandy, Sherry ou Cachaça (40º GL), 8 latas de cerveja de 350ml (4,5 a 5,0% de álcool etílico) ou 500ml de vinho (16ºGL) (1, 2, 3, 4).
O principal objetivo da determinação da alcoolemia é para avaliar a modificação do desempenho e do comportamento humano, principalmente no que diz respeito a determinação dos efeitos da embriaguez sobre o ato de dirigir veículos automotores.
ESTÁGIOS DA INTOXICAÇÃO ALCOÓLICA AGUDA (1, 3, 5)
ETANOL SANGUE decigramas/litro
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ESTÁGIO
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SINAIS CLÍNICOS/ SINTOMA
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1,0 a 5,0
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SOBRIEDADE
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Nenhuma influência aparente. Testes especiais revelam pequenos transtornos subclínicos.
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3,0 a 12,0
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EUFORIA
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Suave euforia, sociabilidade; decréscimo das inibições. Diminuição da atenção, julgamento e controle. Perda da eficiência em testes especiais.
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9,0 a 25,0
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EXCITAÇÃO
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Instabilidade emocional; decréscimo das inibições. Perda do julgamento crítico. Enfraquecimento da memória e da compreensão. Decréscimo da resposta sensitiva. Alguma incoordenação muscular.
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18,0 a 30,0
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CONFUSÃO
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Desorientação, confusão mental e vertigem. Estado emocional exagerado (medo, aborrecimento, aflição) Distúrbios da sensação (diplopia, etc.) e da percepção às cores, formas, movimentos e dimensões. Debilidade do equilíbrio, incoordenação muscular, vacilação no modo de andar e dificuldade na fala.
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27,0 a 40,0
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ESTUPOR
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Apatia, inércia geral. Diminuição marcada das respostas aos estímulos. Marcada incoordenação muscular com instabilidade para suportar o andar. Vômitos, incontinência da urina e fezes. Debilidade da consciência.
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35,0 a 50,0
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COMA
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Inconsciência completa, coma, anestesia. Debilidade e abolição dos reflexos; incontinência da urina e fezes. Dificuldades circulatórias e respiratórias. Possível morte.
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Acima de 45,0
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MORTE
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Parada respiratória.
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A concentração de álcool etílico no organismo humano é determinada preferencialmente no sangue (alcoolemia) e, uma vez definida a necessidade de se conhecer a mesma, a amostra de sangue deve ser coletada o mais rapidamente possível pois a eliminação do álcool etílico do meio circulante é um processo dinâmico e metaboliza cerca de 1,5 a 2,0 decigramas de álcool etílico por litro de sangue a cada hora.
O álcool etílico causa dependência psíquica e física. A dependência física é caracterizada pela síndrome de abstinência (delirium tremens).
O sangue é o fluído biológico mais comumente utilizado na determinação da concentração de álcool etílico para fins forenses pelo fato de que a dosagem desta substância no sangue é a que melhor reflete os efeitos da mesma sobre o Sistema Nervoso Central. Nas investigações de violação das leis de trânsito sob influência de álcool etílico, a interpretação dos resultados de dosagem alcoólica é universalmente baseada nos níveis obtidos ou extrapolados para o sangue total.
A Cromatografia Gasosa é o método mais específico para a determinação qualitativa e quantitativa do álcool etílico, porque este método é capaz de separar, identificar e quantificar cada tipo de álcool presente na amostra.
BIBLIOGRAFIA
1. KLAASSEN, C. D. "Casarett & Douils Toxicology, The Basic Science of Poison". 5ª ed. USA: McGraw-Hill 1996.
2. FINDOR, E.M. B. et al. "Toxicologia de Pregado". Buenos Aires: Lopes Ribeira. 1982.
3. GILMAN, A. G. et al. "Goodman & Gilman As Bases Farmacológicas da Terapêutica". 9ª ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill. 1996.
4. GOLDFRANK, I. L. R. et al. "Goldfrank’s Toxicologic Emergencies". 5ª ed. USA: Appleton & Lang, 1994.
5. LARINE, L. "Toxicologia". 3ª ed. São Paulo: Manole, 1997.
6. LIMA, I., MÍDIO, A. F. "Validação de um método cromatográfico em fase gasosa - head speace para determinação de álcool etílico em fluídos biológicos de interesse forense". Revista Brasileira de Toxicologia. 10 (2): dez, 1997.
7. LEIKIN, J. B., PALOUCEK, F. P. Poisoning & Toxicology Compendium. Apha. 1998.